Uma queixa comum de diversos empresários é que eles não sentem que seus negócios estão gerando dinheiro suficiente, seja para reinvestir, seja para retirada dos sócios. Essa sensação acontece mesmo nos casos em que o empreendimento vende bastante e apura altas receitas. Afinal, então, por que a empresa fatura, mas não gera lucro?
Isso é uma questão relativamente comum em pequenas e médias empresas e envolve, principalmente, a deficiência no planejamento do fluxo de caixa e o não gerenciamento dos custos. Uma série de razões pode explicar esses fatos.
Neste artigo, vamos mostrar como identificar algumas dessas fontes de problemas financeiros e demonstrar o que você pode fazer para garantir que um bom faturamento possa redundar em uma boa lucratividade!
Qual a diferença entre faturamento e lucro?
O faturamento, também chamado de receita, é muitas vezes referido como a linha de topo, por ser a primeira informação da demonstração de resultados. O valor do faturamento é relativo ao montante gerado por uma empresa por meio da venda de seus produtos e serviços.
Por exemplo, o faturamento de um varejista de calçado é o dinheiro que ele ganha vendendo esses produtos antes de contabilizar quaisquer despesas. Se a empresa também tem ganhos de investimentos financeiros ou de uma subsidiária, essa receita não é considerada no faturamento, pois não vem da venda de sapatos. Fluxos de renda adicionais devem ser contabilizados separadamente.
Podemos diferenciar a receita bruta da receita líquida. A primeira é o valor do faturamento sem qualquer desconto e a segunda é o valor já levando em conta as devoluções e os impostos que incidem diretamente sobre a venda, como o IPI e o ICMS.
Lucro
Já o lucro é o rendimento na demonstração dos resultados. Ou seja, o dinheiro que sobra após todas as deduções dos das mais diversas origens. É um benefício financeiro que só existe, de fato, quando os valores obtidos como faturamento de atividade comercial superam todos os gastos necessários para sustentar o negócio, sejam eles impostos, sejam custos.
Existem variações de lucro na demonstração de resultados que são usadas para analisar o desempenho de uma empresa. É convencional chamar de lucro bruto o valor do da receita líquida menos o custo variável de mercadorias ou de serviços vendidos.
Esses custos são relativos à aquisição de itens para comercialização, aos materiais e mão-de-obra utilizados na fabricação de bens ou os valores necessários para que um serviço seja prestado. Sua classificação depende da natureza do negócio.
Já o lucro operacional é o lucro bruto menos todas as outras despesas fixas e variáveis associadas à operação do negócio, como aluguel, serviços públicos e folha de pagamento. Também se incluem eventuais despesas financeiras, relativas ao pagamento de juros e financiamentos. Por fim, o lucro líquido é a última linha de uma DRE, sendo apurada após a dedução dos demais impostos, como IR e CSLL.
Ou seja, a questão que explica porque uma empresa pode ter um bom faturamento e não conseguir gerar lucro é conceitual. Não adianta vender muito se os valores obtidos por meio da comercialização não forem suficientes para sustentar a operação do negócio.
Isso tem muito a ver com a correta precificação dos produtos e serviços e com a eficiência gerencial para manter os gastos dentro de parâmetros que permitam que a empresa seja sustentável ao longo do tempo.
O que são custos fixos e custos variáveis?
No intuito de aumentar a lucratividade de uma empresa, é fundamental compreender a diferença entre os custos fixos e variáveis. Isso pode ajudar a monitorar e atuar em componentes que alavancam o negócio, aumentando o saldo financeiro de sua operação.
Em linhas gerais, um custo variável muda de acordo com a quantidade produzida, enquanto um custo fixo permanece o mesmo, não importa o volume de produção que uma empresa tenha.
O custo variável está associado à quantidade de bens ou serviços que produz. Portanto, ele aumenta e diminui com o volume de produção. Quando a quantidade cresce, os custos variáveis acompanham. O mesmo vale caso haja uma diminuição.
Esses custos são diferentes, dependendo do tipo da indústria. Por isso, não devemos comparar os custos variáveis de um fabricante de automóveis com os de uma empresa de eletrodomésticos ou de outro setor.
O total dos custos variáveis pode ser calculado multiplicando a quantidade de produtos pelo custo variável por unidade de produção. Incluem gastos com mão-de-obra pontual, insumos e matérias-primas, combustíveis para funcionamento das máquinas, horas-extras e tudo mais o que estiver diretamente relacionado à operação, desde que aumentem ou diminuam conforme a quantidade produzida.
Custos fixos
Já os custos fixos, ao contrário, não variam com o volume de produção. Permanecem constantes, mesmo que nenhum produto ou serviço seja produzido. Dessa forma, eles não podem ser evitados.
Ou seja, é preciso trabalhar para produzir (e vender) a maior quantidade possível de produtos a partir da estrutura consolidada de custos fixos. Ou aumentar os preços de vendas dos itens, de forma a diluir esses valores.
Quanto mais custos fixos uma empresa tiver, mais faturamento ela precisa para equilibrar suas contas. Os exemplos mais comuns de custos fixos incluem pagamentos de aluguel e locação, utilidades, seguros e salários da equipe.
Como a relação entre custos fixos e variáveis afeta a lucratividade?
Por isso é tão importante mapear estes custos para entender as estratégias que podem levar o negócio a ser mais lucrativo. Normalmente, os custos variáveis podem ser diretamente repassados aos consumidores, mediante aumento dos preços.
Para tanto, é fundamental observar o mercado e buscar formas de se diferenciar dos concorrentes, por exemplo, negociando melhores contratos com fornecedores de matérias-primas. Em alguns setores, diferenças pequenas no preço final podem influenciar a decisão de compra.
Quando falamos de custos fixos, é preciso determinar qual será o modo mais indicado para que sejam absorvidos. Algumas ações comuns são a de ganhar escala de produção, ou seja, produzir mais com os mesmos recursos ou agregar valor aos produtos, de forma a conseguir vendê-los com margens mais altas.
A correta administração desses custos tem impactos diretos no planejamento financeiro e, consequentemente, nas margens de um negócio. Então, quando você se perguntar por que a empresa fatura, mas não gera lucro, o gerenciamento dos custos pode estar na raiz do problema.
Instituições que vendem bem, mas não oferecem dividendos aos seus acionistas e nem caixa para reinvestimentos, certamente gastam mais do que deveriam para manter a operação.
Agora que você já conhece a respeito da diferença entre o faturamento e a lucratividade, que tal saber mais sobre a gestão de custos em pequenas e médias empresas?